An-experience
Vídeo, 32'31'', s/ som, cor
Video, 32'31'', no sound, color
An-experience revela-nos uma coreografia meticulosa, executada por um conjunto de actores em torno de um foco de atenção que nunca se revela. Dentro de um plano fixo, as figuras distribuídas em círculo debruçam-se sobre algo fortemente iluminado, manipulando cuidadosamente diversos instrumentos.
O rigor dos gestos, do vestuário e dos instrumentos, sublinham a verosimilitude de toda a situação; no entanto, aquilo a que se assiste continua capaz de suscitar dúvidas. Não há nada que nos prove realmente que existe alguém a receber cuidados, nada que prove não se tratar de uma ficção, de uma encenação.
A intervenção cirúrgica a que se assiste é real, isto é, aconteceu. O corpo da artista é mais uma vez o suporte, ainda que tudo escape ao seu controlo. Os gestos que se acumulam sob o foco de luz, não marcam senão o seu corpo, enquanto dormente, inconsciente.
Ao apresentar o registo desta peculiar experiência pessoal, a artista convida-nos a reflectir sobre a relação que temos com o mundo, a questionar a validade das nossas experiências e memórias. Aqui, a anestesia geral administrada durante a operação e o estado de letargia em que se encontrava a artista, passam a ser a metáfora para uma condição de inércia impregnada nos nossos tempos e na nossa corrompida experiência da realidade. Serão suficientes as cicatrizes resultantes da cirurgia e o registo de vídeo, para constituir uma verdadeira experiência, uma memória? Qual a verdadeira diferença entre o registo de um corpo consciente e o de um corpo adormecido, morto?
Nos seus aspectos de composição e temática, este vídeo remete-nos inevitavelmente para outros momentos na História da Arte, nomeadamente o fascínio que alguns pintores nutriram pela representação e compreensão rigorosa do corpo humano. Um bom exemplo é o quadro “A aula de anatomia” (1632) de Rembrandt, no qual está representada uma sessão de autópsia onde várias personagens rodeiam e observam atentamente a anatomia de um dos braços do cadáver. An-experience, revela-nos também o corpo meramente físico, à mercê das acções e dos olhares de quem o rodeia.
O rigor dos gestos, do vestuário e dos instrumentos, sublinham a verosimilitude de toda a situação; no entanto, aquilo a que se assiste continua capaz de suscitar dúvidas. Não há nada que nos prove realmente que existe alguém a receber cuidados, nada que prove não se tratar de uma ficção, de uma encenação.
A intervenção cirúrgica a que se assiste é real, isto é, aconteceu. O corpo da artista é mais uma vez o suporte, ainda que tudo escape ao seu controlo. Os gestos que se acumulam sob o foco de luz, não marcam senão o seu corpo, enquanto dormente, inconsciente.
Ao apresentar o registo desta peculiar experiência pessoal, a artista convida-nos a reflectir sobre a relação que temos com o mundo, a questionar a validade das nossas experiências e memórias. Aqui, a anestesia geral administrada durante a operação e o estado de letargia em que se encontrava a artista, passam a ser a metáfora para uma condição de inércia impregnada nos nossos tempos e na nossa corrompida experiência da realidade. Serão suficientes as cicatrizes resultantes da cirurgia e o registo de vídeo, para constituir uma verdadeira experiência, uma memória? Qual a verdadeira diferença entre o registo de um corpo consciente e o de um corpo adormecido, morto?
Nos seus aspectos de composição e temática, este vídeo remete-nos inevitavelmente para outros momentos na História da Arte, nomeadamente o fascínio que alguns pintores nutriram pela representação e compreensão rigorosa do corpo humano. Um bom exemplo é o quadro “A aula de anatomia” (1632) de Rembrandt, no qual está representada uma sessão de autópsia onde várias personagens rodeiam e observam atentamente a anatomia de um dos braços do cadáver. An-experience, revela-nos também o corpo meramente físico, à mercê das acções e dos olhares de quem o rodeia.
V.M. & J.M.
